Sem pagamento do vale alimentação e sem perspectiva de receber o salário, greve na Revap continua

Sem pagamento do vale alimentação e sem perspectiva de receber o salário, greve na Revap continua

Com o fim do contrato da Método Potencial com a Revap, Sintricom inicia negociações com a nova contratada

Sem o pagamento do adiantamento, do vale alimentação e muitas dúvidas sobre o salário de outubro, que deve cair hoje na conta, trabalhadores da Método Potencial, terceirizada que presta serviços de manutenção de rotina na Revap (Refinaria Henrique Lage) em São Jose dos Campos, iniciaram mais uma semana sem saber como irão pagar as suas contas. Em protesto, em assembleia realizada na portaria P4 da refinaria com o Sintricom, votaram pela continuidade da greve, iniciada na última quarta-feira.

Durante a assembleia, Marcelo Rodolfo da Costa, presidente em exercício do Sintricom (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte) informou aos participantes que na última sexta-feira (5), recebeu ligação da Revap informando que o contrato mantido com a Método não terá prorrogação e que a EQS Engenharia assumirá os serviços prestados. Até esse comunicado, havia uma expectativa por parte dos trabalhadores da Método de uma possível prorrogação por meio de um contrato tampão.

“Vamos tratar dessa transição com as empresas e com a Petrobrás para que os valores retidos do contrato com a Método seja utilizado para o pagamento dos atrasados e das verbas rescisórias. Desde o início deixamos claro para todos que não vamos permitir nenhum calote. O dinheiro retido tem que vir para o bolso dos trabalhadores e não ficar gerando lucro para os acionistas. A Petrobrás tem que ser responsabilizada e fazer a parte dela para resolver a situação dos trabalhadores”, disse o presidente Marcelo Rodolfo.

Mobilização garante abertura de negociações com a EQS

Ainda na sexta, a EQS Engenharia também fez contato com o presidente do Sintricom, manifestando interesse de conversar sobre o Acordo Coletivo de Trabalho. Uma reunião com a empresa acontecerá na tarde desta segunda-feira (8), por videoconferência.

“Quero parabenizar os trabalhadores pela unidade e pela resistência. Mesmo sem transporte, que foi cortado pela empresa, chegamos ao 6º dia de greve com mais de 95% de adesão. Vamos conversar com a EQS para que garanta na contratação a empregabilidade para mão-de-obra local e cidades da nossa base e priorize os trabalhadores da Método, com todos os benefícios previstos no acordo coletivo vigente. Não vamos permitir a retirada de nenhum direito.”

Marcelo Rodolfo da Costa – Presidente em exercício Sintricom São josé dos Campos e litoral Norte

No sexto dia da paralisação, adesão permanece alta e atinge mais de 95% do efetivo da empresa. Levantamento feito pelo Sindicato aponta que apenas 8 dos quase 400 trabalhadores continuam na ativa.

Sindicato e trabalhadores esperam pra hoje proposta de “Confissão de dívida”

Na última quinta-feira em reunião com a diretoria da Método Potencial em São Paulo, foi cobrado pelo Sintricom e pela Feticom (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de São Paulo) a oficialização de uma “Confissão de dívida”, por meio de um aditivo no contrato que a empresa mantém hoje com a Petrobrás. A “confissão de dívida” permitiria que o dinheiro de medições e/ou os valores retidos do contrato com a Refinaria, não seja depositado na conta da Método Potencial e abocanhado pelos bancos/credores.

O documento autoriza que o repasse seja feito pela Petrobrás/Revap diretamente na conta dos trabalhadores ou via Sintricom para transferência, garantindo os pagamentos dos atrasados, da 1ª parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) em torno de R$ 3 mil e do 13º Salário previstos para o final desse mês, além das verbas rescisórias e outros benefícios acordados.

Mesmo sendo possível e já autorizada pela Justiça em outras Refinarias como na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes) em Cubatão e na REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) em Araucária-PR, em São José dos Campos, a adoção do procedimento está sendo postergada pela Método Potencial e pela Petrobrás. A empresa pediu prazo até hoje para pagamento dos atrasados e também apresentar como irá honrar os seus compromissos com os trabalhadores.

Política de licitação e contratação da Petrobrás contribui para calotes

A postura da Petrobrás nas licitações, que priorizam o menor preço, sem se preocupar com a saúde financeira das empresas contratadas é a maior culpada para os constantes calotes sofridos pelos trabalhadores. No caso da Método Potencial, a situação financeira da companhia também tem ocasionado atrasos em outras refinarias: RPBC (Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão), REPAR (Refinária Presidente Getulio Vargas) em Araucária-PR, na Replan em Paulínia e Província Petrolífera de Urucu, em Coari-AM.  Na Revap, em São José dos Campos, a empresa mantém seu maior contrato no momento, que deve ser encerrado em fevereiro do próximo ano.

Unidade Sindical

A luta dos trabalhadores da Método Potencial pelos seus direitos, desde o início recebeu o apoio da coordenação da CUT no Vale do Paraíba e Litoral Norte, comandada pelo sindicalista Zé Carlos dos Condutores e da Feticom, representada pelo vice-presidente, Gilmar Guilhen.

Além disso, sindicatos das mais diversas categorias também tem comparecido as assembleias para prestar solidariedade: diretoria do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e do STIC MOB Jacareí (Sindicato da Construção Civil).  Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Sindipetro-SJC, Sindicato dos Papeleiros de Jacareí, Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP.          

Hoje, a assembleia contou com a participação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba, André da Silva Oliveira – Andrezão e dos diretores: Alex Souza – Bebê, André Luis de Paula – Dezão, Davi Ribeiro de Melo – Xuxa, Ewerton Luis Rosa – Xixi, Marcio Fernandes da Silva – Marcinho, Maurício – Beiçola e Odirley Luis Romão Prado.


Alessandra Jorge