Na construção civil, trabalhadores com experiência começaram o ano recebendo propostas de emprego
Reportagem exibida no Jornal Nacional comenta uma sondagem da FGV que mostra que os empresários estão otimistas para o primeiro semestre e que 34% dizem que vão aumentar o número de empregos em 2021. Em 2020, a construção foi um dos poucos setores que cresceram e resistiram aos impactos da pandemia.
“Nós estamos estabelecendo tratativas com o setor da construção civil para que nossa base também seja beneficiada com essa geração de empregos identificada na sondagem. Sabemos do potencial da nossa região e da competência da nossa mão-de-obra. Precisamos desenvolver ações que protejam nossos trabalhadores e que garantam a sua empregabilidade. Nós também estamos otimistas”, disse o presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo.
Confira a reportagem
No setor da construção civil, trabalhadores com experiência começaram 2021 recebendo propostas de emprego.
Quem vê o Josué trabalhando no alto de um prédio, não imagina que até pouco tempo atrás o ganha-pão dele era na roça. ”Capinava, plantava milho, feijão. Essas coisas”, conta o pedreiro Josué Batista Rocha.
Ele trocou a vida no interior do Piauí por um emprego em São Paulo. “Comecei como ajudante vim para cá. Depende da dedicação, né? Se alguém quiser trabalhar também de ajudante para pedreiro, de pedreiro para encarregado, e vai indo”, diz. Há dois meses, Josué foi contratado em uma obra em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Em 2020, a construção foi um dos poucos setores que cresceram e resistiram aos impactos da pandemia. “Em 2020, o que estimulou o nosso setor foram fatores como o baixo patamar da taxa de juros, o incremento do financiamento imobiliário. Para 2021, nós estamos aguardando um crescimento de cerca de 4% no nível de atividade no PIB. Caso isso ocorra, o setor poderá gerar mais de 200 mil novas vagas com carteira assinada”, afirma a economista Ieda Vasconcelos, do Cbic.
Bom para Daniel Araújo Filho. Ele se especializou em fazer reboco de parede, quase sempre em prédios bem altos, e diz que não faltam convites de trabalho. “Esse mês agora mesmo eu recebi, agora em janeiro”.
“Nós estamos sentindo, desde o final do ano passado, final de 2020, um aumento nessa demanda, dessa procura por pedreiro, por mão de obra especializada”, conta Milton Bigucci Junior, presidente da Associação de construtores imobiliários e administradores do Grande ABC.
A economista Ana Maria Castelo, da Fundação Getúlio Vargas, explica que na construção, diferente de outros setores, a empresa primeiro vende, para depois contratar pessoal. Uma sondagem da FGV mostra que os empresários estão otimistas para o primeiro semestre.
“Foram quase 700 empresas ouvidas; 34% dizendo que vão aumentar o número de empregos contra apenas 8% dizendo que vão diminuir. Para 2021, a sondagem da Fundação Getúlio Vargas está indicando que são as empresas do mercado imobiliário que indicam o maior percentual de contratação”, relata.
As empresas ficaram mais exigentes na hora de contratar. A preferência agora é por profissionais mais antigos e experientes. As lições aprendidas na pandemia também contam no currículo. Mestre de obras há 40 anos, Seu Nonato achou que já tinha visto de tudo, mas nos últimos meses teve que mudar o jeito de trabalhar.
Ele encara as escadas de três a quatro vezes por dia para passar as tarefas. É que a turma, que antes se reunia no café da manhã, agora não pode mais se aglomerar. “Quando eles sobem, eu subo e desço nos andares. Olhando, conversando com pedreiro onde ele está, o que ele vai fazer naquele dia, o azulejista, o gesseiro… Para não ficar aglomerado”, conta Nonato.
Outra lição do mestre é nunca parar no tempo. “A gente tem que ir inovando, tem que ver os lançamentos de materiais. A gente tem que enxergar hoje o que eu estou fazendo, hoje tem que pensar no amanhã. Porque, senão, a gente vai ficando pra trás”.
fonte: G1/JornalNacional