Com vitória, trabalhadores da Método Potencial suspendem greve na Revap, após 16 dias de paralisação
Decisão foi aprovada em assembleia hoje com Sindicato após TRT-15 de Campinas garantir pagamentos
Redação: Alessandra Jorge, Imprensa Sintricom SJC e Litoral Norte
Os trabalhadores da Método Potencial, terceirizada que presta serviços de manutenção de rotina na Refinaria Henrique Lage (Revap) em São José dos Campos, decidiram em assembleia realizada hoje na Portaria P4 da refinaria pela suspensão da greve, que já durava 16 dias, com adesão de mais de 95% do efetivo.
A decisão foi tomada após tomarem conhecimento dos detalhes da vitória conquistada na audiência de mediação e conciliação realizada ontem (17) por videoconferência com o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª. Região de Campinas (TRT-15).
Após mais de duas horas de intensa negociação, o vice-presidente do TRT-15, desembargador Francisco Alberto da Mota Peixoto Giordani atendeu as reivindicações do movimento que cobrava garantias de que não sofreriam calote.
O magistrado ordenou à Petrobrás que bloqueie o dinheiro retido do contrato da Método para pagamento do salário, vale alimentação e regularização dos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) atrasados.
“Parabenizo todos vocês pela resistência e pelo movimento sadio de greve. A gente tem orgulho do que nós construímos juntos. Nossa luta não acabou. A unidade nossa tem que perdurar aqui e em qualquer outra empresa. Quem participou da audiência ontem viu que foi pesada. Conquistamos a garantia do pagamento e estamos trabalhando para colocar o mais rápido possível o dinheiro no bolso de vocês”, disse o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte (Sintricom), Marcelo Rodolfo da Costa.
Mobilização garantiu também pagamento de PLR e 13º salário
Além disso, a decisão do magistrado também garantiu verbas para pagamento da 1ª parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de aproximadamente R$ 3 mil e da 1ª parcela do 13º Salário, que deveriam ser creditados no final desse mês.
Ainda na audiência, o representante da Método Potencial reconheceu que a dívida da empresa com os trabalhadores chega a R$ 4,6 milhões, sem considerar as verbas rescisórias. Já, a Petrobrás afirmou que há retido R$ 4,8 milhões do contrato com a Método Potencial.
Trabalhadores acompanharam audiência e se emocionaram com a conquista
Uma estrutura foi montada na sede do Sintricom em São José dos Campos para garantir que os trabalhadores acompanhassem a audiência realizada por videoconferência.
Uma estrutura foi montada na sede do Sintricom em São José dos Campos para garantir que os trabalhadores acompanhassem a audiência realizada por videoconferência.
O resultado causou comoção e alívio aos presentes que temiam sofrer calote da empresa, que apresentou problemas na Refinaria Presidente Getulio Vargas (REPAR)) em Araucária-PR, na Refinaria de Paulínia (Replan), Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC e Província Petrolífera de Urucu, em Coari-AM.
“Vamos pedir para a empresa a planilha com os valores de cada um para buscar agilizar o pagamento que tem que ir pro bolso de vocês. Nós vamos agora também discutirmos a quita (rescisão) de vocês para não termos que passar por longos processos como muitos aqui já passaram. Além disso temos que deixá-los em condições de participar do processo seletivo da nova empresa”, disse o advogado Silvio Sevilhano.
Unidade fez a diferença
A força dos trabalhadores que aderiram quase em 100% a paralisação, a unidade com o Sintricom e o apoio de uma ampla frente de sindicatos foi o diferencial da greve.
Na manhã de ontem (17), um ato em solidariedade ao movimento e contra a política de contratação da Petrobrás que prioriza apenas o menor preço sem se preocupar com a saúde financeira das empresas reuniu trabalhadores de todas as terceirizadas da base do Sintricom na refinaria, sindicatos e centrais sindicais.
E sem condições de cumprir o contrato, muitas empresas vão embora ou tem as suas atividades encerradas pela Petrobrás, sem honrar com o pagamento dos trabalhadores, que para não ficarem com o calote, são obrigados a enfrentar longos processos na Justiça.
A luta dos trabalhadores da Método Potencial conta com o apoio da Central Única dos Trabalhadores no Vale do Paraíba e Litoral Norte, Feticom-SP, Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos (Sindipetro-SJC), Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), Comissão dos Desempregados de Cubatão e Baixada Santista, Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e do Sindicato da Construção Civil de Jacareí (STIC MOB), Sindicato dos Papeleiros de Jacareí, Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP, Sindicato dos Químicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau) e Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba (Sindmetalpinda).