Sem salário, sem trabalho! Trabalhadores Método Potencial cruzam os braços por tempo indeterminado na Revap

Sem salário, sem trabalho! Trabalhadores Método Potencial cruzam os braços por tempo indeterminado na Revap

Cerca de 95% da mão-de-obra responsável pela manutenção da refinaria está parada

Sem receber o pagamento do salário de setembro e a ajuda de custo de R$ 870,00, trabalhadores da empresa Método Potencial, que prestam serviços de manutenção de rotina na Revap (Refinaria Henrique Lage) em São José dos Campos, decidiram hoje cruzar os braços por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia com o presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa e do delegado sindical, Jorge Costa – Jorginho, realizada na P4 (Portaria Passarela Dutra).

Durante a paralisação, que conta com a adesão de 95% dos cerca de 400 trabalhadores da Método Potencial, a direção da Revap se reuniu com o Sintricom para ouvir as reivindicações. E nem a chuva espantou os trabalhadores, que mobilizados aguardaram pelo resultado da reunião.

“Deixei claro para a direção da Petrobrás (Revap) que a massa é que movimenta a manutenção dela. E o que movimenta os trabalhadores é ver no final do mês o dinheiro na conta. Quem faz a manutenção na Refinaria é o povo da Potencial e a maioria está aqui fora. Para Petrobrás chamar hoje para conversar é porque sabem a força do que estamos fazendo aqui hoje”, disse o presidente do Sintricom, Marcelo Rodolfo.

Situação financeira da empresa preocupa

Os constantes atrasos no pagamento dos salários, adiantamentos, férias e rescisões tem sido cada vez mais constantes na empresa, que estaria buscando crédito em instituições financeiras para honrar seus compromissos. Até a venda da empresa foi informada ao Sindicato, que quer saber “quem comprou e como ficará a situação dos trabalhadores?”

Na reunião de hoje com a direção da Revap foi afirmado ao Sindicato que a empresa tem fatura a receber da refinaria e que o próximo pagamento será realizado ainda em outubro. E para evitar que o dinheiro caia na conta da Método e seja usado para cobrir débitos com o banco/credores, o Sintricom quer que a Petrobrás repasse o dinheiro ao sindicato que faria o pagamento aos trabalhadores.

Na semana passada, durante a Caravana de Lutas realizada pelos petroleiros, em Araucária e São Mateus do Sul, ambas cidades no Paraná, o sindicato tomou conhecimento que o procedimento já foi realizado pela entidade sindical que representa os trabalhadores na região.

Transparência

A Petrobrás até hoje não homologou o resultado da licitação que definirá a empresa que ficará responsável pela manutenção de rotina na Revap. A Método Potencial atual responsável participou do processo licitário e ficou em terceiro lugar. O contrato da empresa termina em fevereiro do próximo ano.

Precarização dos contratos e das condições de trabalho

A postura da Petrobrás nas licitações, que priorizam o menor preço, sem se preocupar com a saúde financeira das empresas contratadas é a maior culpada para os constantes calotes sofridos pelos trabalhadores. Além disso, a manobra das empresas em buscar “sindicatos forasteiros” na tentativa de precarizar as condições de trabalho com a retirada de direitos é outro motivo que coloca em risco a saúde e a vida dos trabalhadores.

“Quando a gente entra na portaria não existe crachá diferenciado. A Petrobrás hoje não vê estabilidade financeira, vê o menor preço e as empresas descontam nos trabalhadores precarizando as condições de trabalho. Não podemos permitir que as privatizações avancem, pois a venda da Petrobras trará ainda mais riscos e desempregos”, disse o presidente Marcelo.

Movimento conta com apoio da CUT e sindicatos filiados, Feticom e Sindipetro-SJC

A coordenação da CUT no Vale do Paraíba e Litoral Norte, comandada pelo sindicalista Zé Carlos dos Condutores, apoia o movimento dos trabalhadores da Método Potencial. Uma ampla frente de sindicatos cutistas compareceu a assembleia e participou das ações realizadas no primeiro dia de greve. Estiveram presentes, grande parte dos diretores do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e do vice-presidente da entidade, Ronaldo Ripa da Costa. O diretor do Sindicato dos Papeleireiros de Jacareí, Jair dos Santos e o presidente do STIC MOB Jacareí (Sindicato da Construção Civil), Aldeir dos Santos, o Barão.

O presidente do Sindipetro-SJC, Rafael de Paula Prado Alvarelli manifestou a sua solidariedade e apoio ao movimento, destacando a postura da Petrobrás que tem cada vez mais reduzido o número de petroleiros nas unidades, sobrecarregando os trabalhadores terceirizados e colocando em risco a vida de todos.


Alessandra Jorge