COM TRÊS DIAS DE DIFERENÇA, DOIS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS MORREM NA PETROBRÁS

COM TRÊS DIAS DE DIFERENÇA, DOIS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS MORREM NA PETROBRÁS

Entre 1995 e 2017 houve 372 mortes de petroleiros. Destes, 303 eram terceirizados. Para a direção da Petrobrás e para os governos, são apenas números.

Com três dias de diferença, mais dois trabalhadores entraram para as estatísticas de óbitos no Sistema Petrobrás.  Os dois eram petroleiros terceirizados. A primeira morte ocorreu no último sábado (25). Erick Gois, da empresa Astromarítima, que morreu durante o treinamento de lançamento de bote de serviço. Segundo informações do site do Sindipetro-NF, o acidente aconteceu na embarcação Astro Tamoio, que atende a Bacia de Campos, mas que estava na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Nesta segunda-feira (27), Audo Alves da Hora,  técnico instrumentista na empresa Quality que atuava na Refinaria Abreu e Lima (RNEST), no Complexo de Suape, em Ipojuca, no Grande Recife, perdeu a vida em um acidente de trabalho ocorrido durante a manutenção de um equipamento na unidade de ar comprimido.

Os dois são vítimas daqueles que hoje dirigem a empresa. A alta cúpula da empresa assume a responsabilidade por novas tragédias a partir do momento que resolveu implantar uma redução generalizada do quadro mínimo operacional de diversas unidades, com corte profundo de verbas para manutenção preventiva, e também ao impor o sistema de consequências, que joga sobre as costas do trabalhador a culpa por todo e qualquer acidente.

E se hoje a situação do trabalhador próprio é crítica, devemos lembrar que aos terceirizados, como é o caso dos trabalhadores mortos,  a realidade se apresenta sempre muito mais dura e cruel. São eles as principais vítimas de assédio e acidentes de trabalho. Para se ter ideia, entre 1995 e 2017 houve 372 mortes de petroleiros. Destes, 303 eram terceirizados. Para a direção da Petrobrás e para os governos, são apenas números.

Atrelado a isso, a política de privatização do governo Bolsonaro, seguida à risca pela atual gestão da companhia tem aplicado a fórmula do sucateamento e desmonte do Sistema Petrobrás, promovendo a saída de profissionais altamente capacitados e treinados, sem substituí-los via concurso público, e ainda pior, transformando técnicos especializados em meras peças de reposição para “tapar buracos” em vagas nem sempre de especialidade desses profissionais.

Para piorar o quadro, que por si só já é lamentável, a gestão da Petrobrás costuma se esquivar de suas responsabilidades sobre mortes e outros acidentes em suas unidades, pondo a culpa dos sinistros em algum ‘mal súbito’ ou, como é de costume também, culpando o próprio trabalhador por sua ‘falta de percepção de risco’.

Está na hora de alguns gestores serem responsabilizados, pois talvez, somente assim, o lucro não será mais importante do que preservar as vidas dos pais e mães de família que estão, literalmente, dando a vida pela empresa. A saúde e segurança do trabalhador são peça chave na prevenção de acidentes do trabalho.

O Sintricom lamenta as mortes e se solidariza com as famílias. Infelizmente, o que aconteceu com eles pode a qualquer momento se tornar realidade também na nossa base.

FRENTE DE SINDICATOS, CENTRAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS SE UNEM CONTRA A PRECARIZAÇÃO

10 de SETEMBRO, um ato em Cubatão na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes) selou a criação de uma Frente com Sindicatos, Centrais Sindicais e Movimentos Sociais para defender os empregos, exigir unificação das pautas e protestar contra o desmonte do sistema Petrobrás. Estiveram presentes, diretores do SINDIPETRO-LP, SINDIPETRO-SJC, SINTRICOM, Sintracomos, Sindicato dos Metalúrgicos, Comissão dos desempregados, petroleiros e trabalhadores terceirizados.
Independentemente da cor do crachá ou cargo que ocupamos, SOMOS TODOS TRABALHADORES! E juntos devemos lutar contra a precarização das condições de trabalho, que colocam em risco a vida de quem sai de casa e espera voltar com saúde.
O movimento quer unificar sindicatos e trabalhadores em todas as bases da Petrobrás no Estado de SP: RPBC (Cubatão), REVAP (SJC), UTGCA (Caraguá), TEBAR (S.Sebastião), REPLAN (Paulínia) e RECAP (Mauá).

Erick e Audo, presentes!

Fonte: Sindipetro-LP e Sintricom SJC


Alessandra Jorge