Aumento de casos de Aids entre jovens de 13 a 25 anos no Brasil preocupa, alerta especialista
No Dia Mundial de Luta contra Aids, celebrado hoje (1° de dezembro), especialista diz que não avista, no médio prazo, uma cura definitiva ou uma vacina para combater o vírus. Mas, diz que os avanços no tratamento foram muito grandes e hoje quem recebe um teste positivo de HIV pode ter a mesma expectativa de vida de quem não tem o vírus. A preocupação maior é o contágio entre jovens, que vem crescendo.
O médico Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), acompanha pacientes com HIV desde a descoberta da Aids no início dos anos 1980. Pela experiência que nessa área, o especialista não tem dúvidas ao dizer que, mesmo sem um imunizante ou uma cura para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, há muito o que comemorar nesses anos diante dos avanços no tratamento.
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“A ciência conseguiu dar uma resposta importantíssima. Cerca de 20, de 15 anos atrás um paciente chegava ao meu consultório com o teste positivo tinha uma expectativa de vida de seis meses, um ano, no máximo dois anos. E hoje em dia as medicações são extremamente potentes e extremamente fáceis de tomar, amigáveis, sem efeito colateral. A expectativa de vida projetada para uma pessoa vivendo com HIV, que faz a terapia corretamente, é basicamente a mesma expectativa de uma pessoa vivendo sem HIV na mesma faixa etária. Fora que uma pessoa que faz o tratamento corretamente atinge o que a gente chama de carga viral indetectável, e não transmite o vírus”.
“Agora uma solução definitiva para transformar essas pessoas que estão em tratamento em pessoas curadas não parece estar no horizonte muito próximo. O HIV é um vírus muito complexo, que tem mecanismos de evasão ao sistema imunológico. E caso a pessoa não use a medicação corretamente, o vírus consegue adquirir uma série de mutações que fazem com que o tratamento não funcione. Não há uma perspectiva de solução definitiva do problema no curto ou médio prazo”, reitera.
Consultor para HIV da Sociedade Brasileira de Infectologia, Barbosa, no entanto, aponta para pesquisas muito promissoras e acredita que, em breve, uma nova geração de remédios estará ao alcance de portadores do vírus, facilitando ainda mais o dia a dia dessas pessoas.
“Estamos agora caminhando para medicações de longa duração, medicações injetáveis que têm duração de quatro a oito semanas. Então, no futuro, o indivíduo em vez de tomar comprimidos todos os dias, vai poder optar. Haverá uma injeção que seja mensal ou a cada dois meses. E num futuro um pouco mais longo, teremos implantes, como existem os implantes de anticoncepcional, pequenas estruturas metálicas debaixo da pele que deixam a medicação disponível ali por anos.”
Esse arsenal que combate o vírus e provoca menos efeitos nos pacientes é a evolução do conhecido coquetel anti-HIV. “Ele tinha esse nome porque era uma combinação de 10, 15 drogas. Eu tive pacientes que tomavam 22 comprimidos por dia. Eles se queixavam, e se queixavam com toda razão, que nem conseguiam almoçar e jantar tamanha a quantidade de comprimidos. E havia efeitos colaterais muito graves. Hoje em dia praticamente eventos adversos que não são dignos de nota, e a imensa maioria dos pacientes faz uso de medicação uma vez ao dia, dois comprimidos uma vez ao dia, extremamente fácil de tomar”, afirma.
fonte: G1