Para cobrar garantias e evitar calote, trabalhadores Método Potencial cruzam os braços por tempo indeterminado na Revap

Para cobrar garantias e evitar calote, trabalhadores Método Potencial cruzam os braços por tempo indeterminado na Revap

Cerca de 95% da mão-de-obra responsável pela manutenção da refinaria está parada

Pela segunda vez em quinze dias, trabalhadores da Método Potencial, terceirizada que presta serviços de manutenção de rotina na Revap (Refinaria Henrique Lage) em São Jose dos Campos paralisam as atividades por tempo indeterminado.

A greve foi aprovada na manhã de hoje durante assembleia na portaria P4 da refinaria com o presidente em exercicio do Sintricom (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial) de São José dos Campos e Litoral Norte, Marcelo Rodolfo da Costa e do delegado sindical, Jorge Costa – Jorginho.

Há meses a situação dos trabalhadores da Método Potencial só piora. Além da precarização das condições de trabalho, os constantes atrasos trazem angústia e medo de que a empresa, que está no fim do seu contrato na REVAP, saia e deixe os trabalhadores sem receber salários e demais verbas rescisórias. Situação já vivenciada com outras empresas no passado, que resultaram em longos processos na Justiça.

Sindicato e trabalhadores querem que a empresa faça um aditivo ao contrato que ela mantém com a REVAP, permitindo que parte do valor da medição ou dos valores retidos pela Petrobras do contrato, sejam destinados aos pagamentos dos salários de outubro, ajuda de custo (vale alimentação) de R$ 870,00. Até o dia 29 de novembro, os trabalhadores também devem receber a 1ª Parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de quase R$ 3 mil e da 1ª Parcela do 13º Salário.

Na prática, o aditivo vai garantir o repasse pela Petrobras das verbas diretamente aos trabalhadores ou via Sintricom, para que a entidade faça os pagamentos aos trabalhadores. Além de garantir a quitação das verbas rescisórias para todos.

“Fizemos reuniões com a Método e com a Revap para definir o aditivo, mas estão empurrando um para o outro a solução. O aditivo no contrato, espécie de confissão de dívida, o dinheiro pode ir direto para o trabalhador ou para sindicato repassar. Temos que ter garantias que iremos receber a PLR, rescisão e outros vencimentos. O dinheiro tem que estar no bolso do trabalhador e não ficar retido na Petrobrás”, disse o presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa.

“O dinheiro tem que estar no bolso do trabalhador e não ficar retido na Petrobrás.”

MARCELO RODOLFO DA COSTA – presidente em exercício do Sintricom

Em 18 de outubro, a greve foi em protesto ao atraso do pagamento do salário de setembro e da Ajuda de Custo (vale alimentação) de R$ 870,00. Na ocasião, a adesão de mais de 90% do efetivo fez a empresa. A paralisação de hoje também atinge o mesmo percentual.

Luta contra os atrasos da Método afeta outras refinarias

A situação financeira da Método Potencial preocupa e tem mobilizado Sindicatos e trabalhadores em várias refinarias do país. Além dos atrasos na Revap, a empresa apresentou o mesmo problema na REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) em Araucária, PR – na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes) em Cubatão – na Replan em Paulínia e na Província Petrolífera de Urucu, em Coari.

Precarização dos contratos e das condições de trabalho

A postura da Petrobrás nas licitações, que priorizam o menor preço, sem se preocupar com a saúde financeira das empresas contratadas é a maior culpada para os constantes calotes sofridos pelos trabalhadores. Além disso, a manobra das empresas em buscar “sindicatos forasteiros” na tentativa de precarizar as condições de trabalho com a retirada de direitos é outro motivo que coloca em risco a saúde e a vida dos trabalhadores.

“A Petrobrás hoje não vê estabilidade financeira, vê o menor preço e as empresas descontam nos trabalhadores precarizando as condições de trabalho. Ela ajuda a criar o problema, mas se exime da solução. Por isso, estamos cobrando a Revap também”, disse o presidente Marcelo.

Movimento conta com apoio da Feticom, CUT e sindicatos filiados

A coordenação da CUT no Vale do Paraíba e Litoral Norte, comandada pelo sindicalista Zé Carlos dos Condutores e grande parte dos diretores do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba participaram da assembleia em apoio a luta dos trabalhadores na REVAP.

“Vocês estão lutando incansavelmente, produzem e a “gata” (empresa) não cumpre a parte dela. Também temos que jogar sim a responsabilidade na Petrobrás. A Revap tem que ser responsabilizada pelo atraso de vocês. A decisão é de vocês. Nós estamos juntos.”

ZÉ CARLOS DOS CONDUTORES – coordenador da CUT Vale do Paraíba e Litoral Norte

Redação: Alessandra Jorge, Imprensa Sintricom SJC e Litoral Norte

Imagens: Heitor N. Morais


Alessandra Jorge